Ato público em defesa do Encontro das Águas

Ato público em defesa do Encontro das Águas

O ato simbólico, realizado neste sábado em Manaus, chama atenção para o tombamento do fenômeno natural, patrimônio imaterial brasileiro, que vem sendo ameaçado de extinção com a construção de um terminal de cargas na região

Desde 2010, o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, em frente a Manaus, na Amazônia, foi tombado como patrimônio cultural e natural pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), porém o processo de tombamento não foi homologado até hoje, pois existe ação movida pelo governo do Amazonas no Supremo Tribunal federal (STF) contrária à homologação.

Em alusão ao Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22/3, o Fórum das Águas, em parceria com diversos movimentos da sociedade civil organizada, como o ‘SOS Encontro das Águas’, promoveu neste sábado um ato público em defesa do tombamento do fenômeno natural, patrimônio imaterial brasileiro, que vem sendo ameaçado de extinção com a construção de um terminal de cargas na região, reconhecida por biólogos e antropólogos como ecossistema reprodutivo de diversas espécies de peixes, aves, entre outros animais, além de constituir importante sítio arqueológico ainda não estudado em profundidade. 

O ato simbólico foi programado para iniciar no Porto da Ceasa, Zona Sul de Manaus, com a presença de dois representantes de cada movimento, respeitando os protocolos de segurança sanitária e distanciamento. Os membros do Fórum das Águas sairão em canoas motorizadas com destino ao Encontro das Águas, onde farão o registro de faixas com mensagens em favor do patrimônio imaterial.

Na ocasião, aconteceu o momento de bênção das águas, realizado pelos padres que integram o Fórum, Sandoval Rocha e Adriano Luis; e o presidente da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama), Alberto Jorge.

O objetivo é alertar para o comprometimento irreversível do impacto no ecossistema de fauna e flora locais, bem como na vida de famílias ribeirinhas que vivem da agricultura tradicional, pescaria artesanal, turismo regional, nos arredores dos bairros Colônia Antônio Aleixo, Puraquequara, Bela Vista e Mauazinho, em Manaus, e demais comunidades dos municípios de Iranduba e Careiro da Várzea, área de abrangência do Encontro das Águas.

Ato ecumênico na orla do rio Negro, em frente ao Encontro das águas (Foto: G1/Amazonas) / Reprodução

De acordo com o coordenador do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), Paulo Tadeu Barausse, o ato veio da necessidade de denunciar o mega projeto que vem sendo arquitetado no maior cartão postal do Amazonas. “Este projeto sendo conduzido de cima para baixo, sem consulta à sociedade. Existem sítios arqueológicos dos povos originários que sequer foram estudados. Quem vai ser mais beneficiado com essa obra? O que ficará para as populações mais pobres? O nosso convite é para a reflexão: quem consegue viver sem água, que é obra de criação de Deus é um direito humano?”, afirma.

Ato ecumênico

No dia 22, Dia Mundial de Água, haverá uma celebração ecumênica na sede do Sares – Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – que será transmitida pela página do facebook do Fórum das Águas (@forumdasaguasam), às 10h (horário de Manaus).

Participarão do evento representantes das tradições católica, protestante, indígena e de matrizes africanas como Pastor Marcos, Celina Baré e Raimunda Nonata Correa, representante dos Povos e Comunidades Tradicionais Nagô.

Encontro das Águas

“Queremos lembrar a todos o aspecto sagrado da água, daí a participação de vários líderes religiosos. Vamos rezar para que a água seja de fato respeitada, principalmente neste momento de políticas neoliberais, que vem transformando-a em produto de geração de lucro para poucos ao mesmo tempo em que falta aos mais pobres”, explica o padre Sandoval Rocha.

Ele ressalta que além do prejuízo aos mais pobres, que têm o acesso limitado pela questão mercadológica, a água é desvinculada da natureza, do seu próprio ecossistema, ao ser isolada e transformada em produto em benefício de poucos.

Confira a cobertura completa no portal G1/Amazonas.

Com informações e fotos da assessoria

 

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