21,novembro 2024

Rapper Jander Manauara lança dvd amazônico

O novo trabalho do cantor, rapper e ativista será lançado neste sábado com foco na preservação dos rios da Amazônia e o cotidiano amazonense

O novo trabalho do  cantor, rapper e ativista Jander Manauara será lançado sábado (15), às 15h (horário de Manaus), com acesso gratuitopela internet. O novo trabalho é um exemplo de que a sustentabilidade é construída por muitas mãos, mas se torna possível se cada um fizer a sua parte.

Em canções que unem a preservação dos rios da Amazônia e o cotidiano amazonense, o artista lançará, de forma online, em seu canal do Youtube, o DVD  ‘Do Rip Rap ao Flutuante’. O projeto mostra a história de Manaus através das águas (igarapés, rios e rip-raps) que refletem os sonhos e a resistência da população.

Falar de sustentabilidade e de  protagonismo amazonense faz parte da trajetória do ativista e cantor, que já possui mais de 20 anos dedicados à cena do hip-hop local. Foi por meio da poesia e da arte que ele reuniu toda essa diversidade cultural e ainda convidou especialistas, e artistas de peso para levantarem essa bandeira, como a cantora Márcia Novo e o graffiteiro Denis L.D.O, entre outros.

Após três álbuns gravados, este é o primeiro DVD lançado por Jander, que apresenta a experiência como um processo de aprendizado e inspiração.

“Quando coloquei o título ‘Do Rip Rap ao flutuante’ no meio do processo, nas escolhas das músicas, vi que não eram sobre o espaço físico, mas sim das falas das pessoas, de suas percepções com cada local que cada manauara atravessa no seu dia a dia. A poesia fala sobre esses desdobramentos corriqueiros urbanos e amazônicos ao mesmo tempo”, explica Jander.

O clipe foi gravado mês passado, na sede do Programa de Restauração Ecológica e Urbanização Sustentável da Amazônia (Reusa), localizado no bairro Redenção, que tem apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e beneficia um coletivo de aproximadamente 30 mulheres com geração de renda, por meio de artesanato e reciclagem.

As peças utilizadas no figurino de Jander foram confeccionadas pelo coletivo, mostrando que o rap também é sustentável. “O rap tem muito essa pegada de ostentação. Mas a mensagem que eu queria transmitir é que hoje, ostentar é ser sustentável. E ter essa dinâmica com a sustentabilidade foi fundamental. Eu quis trabalhar esse lado de reutilização, com material pet. Utilizamos algumas luminárias, um cocar feito de peça de ventilador, canudinhos, CDs, bastante material reciclável”, comentou Jander.

Coletivo

O projeto “Do Rip Rap ao Flutuante” tem ainda uma extensa ficha técnica que une artistas plásticos, designers, beatmakers e a dupla musical base DJ Japão e João Paulo, na percussão. Também se destacam as participações de Gui Cordel, Abner Viana, Denis L.D.O, Marcos Cileno, Xamã da Flauta e Guilherme Bonates, resultando no que Jander classifica como “pororoca de linguagens”. Para a gravação do DVD, o artista também teve o apoio de alguns parceiros, como Manart Galeria, Fronteira Imaginária e Bosque da Ciência.

A cantora e compositora Márcia Novo, uma das figuras mais ativas quando o assunto é arte, música e desenvolvimento sustentável, participou da gravação do DVD e destacou o projeto como uma reflexão fundamental para criar novas discussões sobre o tema.

“Quando o Jander me contou sobre o projeto, achei o máximo, porque essa é a nossa realidade, esse é o futuro da nossa nação. A sociedade no quesito coletividade e sustentabilidade ainda está engatinhando. O mundo inteiro já despertou para isso, mas o Brasil ainda está muito atrasado nisso, principalmente nós, que somos da Amazônia. Deveríamos ser um exemplo. É uma temática que precisa ser muito trabalhada para poder influenciar pessoas”, disse.

De modo geral, trabalhos como o lançamento do DVD do rapper Jander Manauara ajudam a desenvolver uma consciência coletiva e, assim, fazer a diferença entre a multidão. Nesse quesito, a arte entra como peça fundamental.

Segundo a professora de artes, artista plástica e arteterapeuta Eliana Chaves, que também é uma das protagonistas do novo trabalho de Jander, esse é o tipo de atividade que ajuda a propor alternativas mais sustentáveis no desenvolvimento social.

“Cada vez mais se divulga o uso correto de resíduos e diminuindo a quantidade de resíduos descartados incorretamente, principalmente nas comunidades mais carentes. A mensagem que fica é que um sonho quando a gente sonha sozinho, é apenas um sonho, mas quando a gente sonha junto, ele se torna realidade. Muitas pessoas têm o mesmo sonho que eu, de ver a nossa cidade mais limpa e socialmente justa, isso passa pela questão dos resíduos, e a arte entra como intermediadora desse processo”, destacou.

Outro destaque do DVD é o artista Fabiano Barros que realizou intervenções artísticas com o personagem ‘Recicla-Tempo’ durante a execução das músicas. Já a produção recebeu coordenação da produtora Giuliana Fletcher, por meio da “Pela Beira Produções”, e apoio do “Orígenas Coletivo”.

’Do Rip Rap ao Flutuante’

Ao todo, o DVD “Do Rip Rap ao Flutuante” reúne oito faixas, metade delas inéditas, que demonstram a facilidade do rapper em contextualizar o cotidiano urbano com a vivência amazônica. São elas: ‘Flutuante’, ‘A Ponte’, ‘Amor de Robô’, ‘Mar Salgado’, ‘Pagar de Doido’, ‘Envenena a Flecha’, ‘Cheiro Bom’ e ‘Indígenas de Amores’. Além da música, o projeto terá fragmentos documentais, trazendo o depoimento de quem hoje encabeça a luta para realizar o sonho de recuperar os igarapés da capital.

Os depoimentos serão intercalados com imagens captadas em locais como a Orla do Amarelinho e Feira da Panair, no bairro Educandos, a Feira da Manaus Moderna, e ‘braços’ de igarapés nos bairros Novo Aleixo, São José, Comunidade da Sharp, entre outros.

Jander Manauara

Legítimo representante do hip-hop amazonense, rapper, atuante no circuito independente desde 1999 e em 2001 com o grupo Mensagem Positiva foi eleito MC revelação pelo MHM (Movimento Hip Hop Manaus), e no período de 2000-2002 formou a banda ABDZ, mas sem registro posterior; Chegando a atuar como Dj do grupo Consciência Profética entre os anos de 2003 a 2005 e fez seu primeiro registro solo como rapper com a EP de 2003, intitulada “Quase Nada”.

O regionalismo em forma de poesia soma-se ao ritmo (RAP-Ritmo e poesia) com sincronismo da dupla DJ Carapanã e Jander Manauara registrada no primeiro disco no ano de 2008 com o título de “Num vale 1 real!”. Chegando ao ano de 2009 a participarem do festival ‘Até o Tucupi’ promovido pelo Coletivo Difusão (AM) e o circuito Fora do Eixo de música (DF).

Com informações e fotos da assessoria e fotos de Robert Coelho

Rogerio Pina

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