A culinária ancestral brasileira continua em alta, com opções de restaurantes em cidades como São Paulo, Paraty e, claro, Manaus, buscando uma reconexão e o resgate das nossas raízes
Por mais de cinco séculos, a mesa brasileira é marcada pela influência da colonização europeia, como pela imigração de diferentes culturas. Neste processo histórico, a culinária dos povos originários, assim como seus ingredientes da terra brasileira, nem sempre tiveram o seu devido protagonismo na alimentação de grande parte da população.
Mandioca, frutos da floresta, peixes, especiarias, oleaginosas… Em um momento em que se busca a reconexão e o resgate de nossas raízes e tradições, quatro casas enaltecem pratos tradicionais do cotidiano de algumas etnias indígenas de nosso país, com seus ingredientes orgânicos da terra e sabores tão ricos.
A seguir, dicas de restaurantes que tem apostado neste segmento:
Caxiri Amazônia / Manaus – AM – Instalado em um casarão histórico, ao lado do Teatro Amazonas, no Centro de Manaus, o Caxiri Amazônia brinda os paladares de locais e visitantes com a abundância dos sabores amazônicos e brasileiros.
O restaurante é comandado pela chef Debora Shornik, uma agregadora na região, quem garimpa o melhor dos ingredientes das comunidades da floresta para a cozinha do restaurante. Entre os pratos de origem indígena, destaque para o caldinho de cogumelo Yanomami preparado com banana, macaxeira e queijo coalho.
Casa Tucupi / São Paulo – SP – Com comida nortista e tempero acreano, a cozinheira Amanda Vasconcelos, natural de Rio Branco, está à frente da Casa Tucupi, na Vila Mariana, em São Paulo.
De criação autoral, o arroz Dona Flor e seus dois maridos leva barriga de porco, camarões e os tradicionais tucupi e piracuí – este último uma farinha feita de peixe seco.
Peró / Paraty – RJ – Situado dentro da Pousada do Príncipe, em Paraty, o Peró tem como proposta a cozinha brasileira, inspirada nas raízes da nossa cultura gastronômica. As receitas combinam ingredientes tradicionais da cultura indígena como a mandioca, coco, banana – adicionados aos pescados e frutos do mar frescos locais.
A chef Georgia Joufflineau busca sempre respeitar a sazonalidade do ingrediente, e o valor do pequeno produtor agrícola regional. Vale provar a receita do ‘Robalo em Crosta de Baru’, que leva farofa de mandioca de Paraty, camarão, além de emulsão de Tucupi.
Biatüwi / Manaus – AM – Instalado também no Centro histórico de Manaus, o Biatüwi propõe uma imersão na cultura e culinária da etnia Sateré-Mawé e Tukano, sendo a primeira casa a servir exclusivamente pratos indígenas na cidade.
Sob o comando de Clarinda Maria Ramos e com consultoria da chef Débora Shornik, do restaurante vizinho Caxiri Amazônia, o estabelecimento tem como carro-chefe a ‘Quinhapira’, um caldo de peixe à base de água, sal e pimenta defumada, que pode trazer o matrinxã, entre outros peixes de escamas como o aruanã.
Nas aldeias, o caldo é geralmente consumido pela manhã antes de ir ao roçado, ao meio dia e pela noite como jantar. A ‘Quinhapira’ também é oferecida como boas-vindas aos que visitam as comunidades, na chegada e na partida, como gesto de proteção e acolhimento. É um elemento central da socialidade desses povos. Pode ser acompanhado de beijú de macaxeira, ou beijú da goma da mandioca.
Com informações e fotos da assessoria