Evento virtual mostra protagonismo dos povos da floresta para bioeconomia inclusiva na região amazônica, em uma iniciativa da Fundação Amazônia Sustentável e Green Economy Coalition
Ciclo de diálogos promovido pelo Hub de Bioeconomia Amazônica, iniciativa secretariada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com a Green Economy Coalition (GEC), teve início neste mês de agosto com o tema “Bioeconomia para quem? o protagonismo dos povos da floresta para uma agenda de bioeconomia inclusiva na Amazônia”.
O encontro virtual deu destaque a iniciativas populares, soluções criativas e empreendimentos nativos que crescem na Amazônia e unem prosperidade social com sustentabilidade.
Nessa primeira atividade do projeto, três lideranças representaram a diversidade socioambiental do estado do Amazonas: Raimundo “Xexéu”, presidente da Associação de Moradores e Usuários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Amurmam); a professora e artesã Izolena Garrido, liderança da comunidade Tumbira, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro; e o consultor de projetos socioambientais e fundador da Experiência Mawé no município de Maués/AM, Ítalo Mamud Michiles.
O diálogo foi transmitido pelo canal da FAS no Youtube, apresentado pela facilitadora do Hub de Bioeconomia Amazônica, Marysol Goes, e com mediação feita pelo representante do Hub e superintendente geral da FAS, Virgilio Viana.
As perguntas que deram início à troca de ideias sobre a bioeconomia amazônica foram centradas na experiência dos participantes, representantes de cidades do interior e de comunidades ribeirinhas da Amazônia, e como cada um desenvolveu alternativas econômicas sustentáveis na região.
Dentro desse contexto, Raimundo Xexéu, por exemplo, relatou a grande transformação ocorrida na geração de renda das comunidades localizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá com a prática do manejo sustentável de pirarucu.
“A grande conquista hoje é ter uma maior capacidade produtiva onde 70% do pescado manejado sai de Mamirauá. Com a Amurmam e a parceria da FAS foi possível armazenar e escoar todo esse pescado de manejo, e os povos ribeirinhos passaram a entender a necessidade de processos sustentáveis para o avanço de toda a cadeia produtiva”, afirmou Raimundo.
Já o consultor de projeto socioambientais, Ítalo Michiles, ressaltou a importância de utilizar todo o conhecimento que adquiriu com seus estudos em Manaus para encontrar maneiras de impactar positivamente o desenvolvimento econômico de sua cidade natal, Maués.
“Maués também é uma cidade muito bonita, mas pouco explorada turisticamente. Retornei ao lugar onde nasci para pensar em alternativas de sustento, sustentabilidade e avanço para a economia local. Com esse objetivo, criei a Experiência Mawé para que as pessoas vivenciem a vida local e ao mesmo tempo tragam mais prosperidade sustentável para o território”, explicou o consultor.
Na segunda rodada do diálogo, os participantes foram perguntados quais as principais medidas, propostas e ações que precisam ser tomadas para a promoção de uma bioeconomia inclusiva na Amazônia.
Sobre o assunto, a professora Izolena Garrido, uma das lideranças da comunidade Tumbira, enfatizou que as questões de logística e educação devem entrar no mapa do que precisa ser aprimorado.
“Precisamos mostrar para o mundo que a Amazônia tem grandes potenciais e também fortalecer as cadeias produtivas, incluindo as pessoas através da educação ambiental, social e econômica, valorizando os fazeres e os saberes tradicionais de cada região. Conservar as pessoas nas comunidades por meio da capacitação é garantia de qualidade de vida”, destacou a professora.
Em complemento a essas questões, Raimundo Xexéu reforçou a necessidade dos comunitários em ter acesso à uma base de educação forte e continuada para que eles não precisem sair de suas comunidades para se capacitar.
“É necessário que haja uma educação inclusiva para que a população entenda a importância de consumir um produto de produtores locais. Saber de onde vem a sua farinha e o seu peixe, e entender a importância que isso tem para a economia sustentável e para o progresso da região e das populações tradicionais”, ressaltou o presidente da Amurmam.
Sobre o projeto
O projeto “Diálogos para uma bioeconomia inclusiva na Amazônia”, coordenado pelo Hub de Bioeconomia Amazônica com apoio do International Institute for Environment and Development (IIED) e financiado pelo Partners for Inclusive Green Economy (PIGE), visa, através de diálogos, aprofundar o debate, pavimentar caminhos e amplificar soluções que promovem uma bioeconomia inclusiva na Amazônia.
Os próximos eventos terão os seguintes temas “Bioeconomia amazônica no centro da política: O papel dos governos locais para o fomento de um bioeconomia inclusiva na Amazônia”, no dia 19/08 das 15h às 16h30, e “O papel da cooperação internacional para uma bioeconomia inclusiva na Amazônia”, no dia 30/08 das 16h às 17h30, ambos no horário de Brasília.
Sobre o Hub
O Hub de Bioeconomia Amazônica conecta, articula e amplifica experiências e soluções de diversos atores para a promoção de uma bioeconomia inclusiva na Amazônia. A rede tem parceria da Green Economy Coalition – a maior aliança global de organizações multissetoriais engajadas na promoção de uma economia verde e justa no mundo – e da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) – organização reconhecida como a maior instituição amazônica atuante na região, e eleita melhor ONG do Brasil em 2021, segundo o ranking do Prêmio Melhores ONGs. Saiba mais em https://bioeconomiaamazonia.org/
Sobre a FAS
Fundada em 2008 e com sede em Manaus/AM, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil e sem fins lucrativos que dissemina e implementa conhecimentos sobre desenvolvimento sustentável, contribuindo para a conservação da Amazônia. A instituição atua com projetos voltados para educação, empreendedorismo, turismo sustentável, inovação, saúde e outras áreas prioritárias. Por meio da valorização da floresta em pé e de sua sociobiodiversidade, a FAS desenvolve trabalhos que promovem a melhoria da qualidade de vida de comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas da Amazônia.
Com informações da assessoria e foto de Dirce Quintino