Alunos músicos e pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) desembarcaram em Manaus, para imersão na Amazônia
Um grupo formado por 80 músicos e pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) desembarcou em Manaus, semana passada, para uma imersão científico-cultural sobre a Amazônia que teve como resultado final uma performance no palco do Teatro Amazonas.
A apresentação misturou os ritmos do jazz norte-americano com a música brasileira e indígena para conscientização sobre os efeitos das mudanças climáticas e a emergência da conservação da Amazônia.
Os alunos de uma das mais prestigiadas universidades do mundo participaram de uma intensa programação durante todos os dias de viagem. Além da preparação para o espetáculo musical, os músicos conseguiram conhecer alguns dos pontos turísticos da cidade, como o Museu da Amazônia e o Encontro da Águas, e aprenderam sobre sons da floresta e bioinstrumentos musicais.
O grupo é formado por estudantes de diversas áreas de ciência e tecnologia que também possuem interesse e dedicam parte do seu tempo para aprender sobre música. Entre eles, a engenheira mecânica e doutoranda do MIT, Talia Khan, foi a mente por trás da ideia de trazer os músicos para conhecerem um pouco mais de perto a Amazônia e proporcionar um intercâmbio de saberes e ideias.
“Todos nós somos cientistas, mas também somos músicos. Temos essas duas personalidades, com a viagem a gente quis unir esses dois tópicos. Trouxemos os músicos para cá com o intuito de realizar essas trocas de informações e também uma troca musical. Nós aprendemos mais sobre música indígena e também sobre novas maneiras de usar a tecnologia para estimular a sustentabilidade”, afirmou Talia.
Entre as atividades realizadas, a sessão de integração realizada no Centro Cultural dos Povos da Amazônia com a cantora Djuena Tikuna, referência da música indígena no Brasil e no mundo, foi considerada pelos estudantes um dos momentos de destaque da viagem. Djuena compartilhou com os norte-americanos os seus saberes, vivências e um pouco mais sobre a cultura e arte indígena.
Integrante de um dos grupos vocais do MIT, a estudante de engenharia Autumn Gile descreveu a experiência como uma das mais tocantes e significativas da sua vida: “Quando todos nós juntamos as mãos, fechamos os olhos e cantamos juntos com a Djuena foi muito emocionante, eu me senti muito conectada com todos ali presentes de uma maneira que não fazemos nas nossas aulas de música em Massachusetts”, declarou a estudante.
Os músicos também tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho do artista Eliberto Barroncas na confecção de bioinstrumentos, fabricados a partir de produtos da floresta e que simulam os sons da natureza, além de entender um pouco melhor sobre os projetos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) para o desenvolvimento sustentável e coleta de informações da maior floresta tropical do mundo, e as iniciativas de educação tecnológica da Escola Nobre de Robótica para o monitoramento e proteção territorial das comunidades indígenas e ribeirinhas.
“Hearing Amazônia”
Concluindo a intensa programação da viagem, os músicos apresentaram no palco do Teatro Amazonas o espetáculo “Hearing Amazônia: Arte é resistência” para um público de mais de 670 pessoas.
Os músicos, que são integrantes de três bandas do MIT (MIT Wind Ensemble, MIT Festival Jazz Ensemble e MIT Vocal Jazz), tiveram a apresentação dirigida pelo maestro Frederick Harris e contaram com a participação de diversos convidados especiais, como a vocalista e compositora de jazz, Luciana Souza, quw já foi indicada ao Grammy várias vezes; a premiada clarinetista americana Anat Cohen; o clarinetista americano Evan Ziporyn; e o famoso baterista brasileiro e ganhador do Grammy, Edu Ribeiro.
Composto para homenagear os ritmos brasileiros, mas também para mesclar as sonoridades com músicas internacionais e autorais, o repertório reuniu canções como “Água de Beber”, “Cry Me a River”, “Berimau”, “Yardbird Suit”, “O Boto”, “Corta Jaca”, “Footsteps and Smiles”, “As Rosas Não Falam (Cartola)”, “Asa Branca (Luiz Gonzaga)”, entre outras.
Cumprindo o compromisso de passar uma mensagem de alerta e provocar uma reflexão sobre a conservação da Amazônia, o espetáculo também abriu espaço para o lançamento do projeto “We are The Forest”, da cantora Djuena Tikuna. A iniciativa aborda temas culturais e ambientais da região amazônica, por meio uma performance colaborativa com canções na língua indígena Tikuna e uma versão única da música “Eware”, criada pelo compositor Nadal Erlich. A performance também contou com a participação especial do ativista indígena José Neto, do povo kaeté-tupinambá.
Com informações e fotos da assessoria