O português Jorge Neves tem uma trajetória curiosa e interessante, que o levou a abrir uma fábrica de chocolates amazônicos em Manaus; agora irá receber prêmio da Federação das Indústrias do Amazonas
Sócio fundador da Warabu Chocolates há quatro anos, o empresário Jorge Neves recebe no próximo dia 19 o título de Microindustrial do Ano, em solenidade promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) no Clube do Trabalhador, em Manaus.
Jorge Neves, 54, nasceu na cidade de Coimbra, em Portugal, formado pelo Centro de Formação Profissional do Setor Alimentar (CFPSA), em Tecnologia de Alimento, e atuou como professor do Senai de São Paulo, viajando por diversos estados do Brasil – até decidir montar base em Manaus.
Dando aulas pincipalmente sobre panificação, Neves passou a aproveitar seus horários livres para comercializar seus doces portugueses na feira realizada aos domingos, na avenida Eduardo Ribeiro, no centro de Manaus.
O sucesso foi incentivo para voos mais altos. A ideia nasceu no final de 2018, ainda na fase dos testes laboratoriais para descobrir o comportamento do cacau de várias regiões do Brasil. Tudo em busca da melhor matéria-prima para o preparo de chocolates Bean to Bar, caracterizado pelo processo a partir da amêndoa integral do cacau até a barra de chocolate, sem segmentação de processos nem aditivos artificiais de qualquer sorte.
No período de controle de qualidade de fluxo, em 2019, Jorge conheceu a sua futura sócia, Linda Gabay, e logo em seguida foi criada uma nova sociedade com os sócios proprietários da Aceleradora Axcell – os empresários Átila Denys, Renato Bonadiman e Matheus Faria. A parceria nasceu após a constatação de que possuíam sonhos compartilhados.
“A Axcell entrou com capital, mas no nosso caso eles também deram apoio em todos os níveis, como o administrativo, marketing e comercial. Então nós ganhamos um suporte estratégico”, explica Neves, ressaltando que um dos maiores investimentos, desde a parceria, foi o uso de tecnologia de máquinas italianas, que conseguiram a qualidade do chocolate.
O uso de cacau nativo e selvagem, nunca antes cultivado, de espécie nativa situada na bacia Amazônica, é um dos maiores diferenciais da Warabu Chocolates, que usa em seu processo produtivo o cacau coletado por agricultores familiares de quatro comunidades do estado do Pará, além da Cepotx – Cooperativa Central de Produção Orgânica da Transamazônica e Xingu.
Os diversos outros insumos utilizados para contribuir com nota de sabor aos chocolates são o açaí e a manga, vindos do município de Urucará (AM); o puxuri – noz-moscada de origem amazônica, vinda de Borba (AM); o cumaru vindo de Borba (AM) e de uma comunidade indígena chamada Kayapó, na cidade Tucumã (PA), que também fornece as castanhas utilizadas nos produtos. Esta é uma parceria que surgiu graças à organização sem fins lucrativos Origens Brasil, que investe, sobretudo, em comunidades indígenas e com quem a empresa possui um contrato anual.
Produção em alta
No total a Warabu oferece ao público uma linha com chocolates finos de 40% a 99% de teor de cacau em nove variações de sabores, já com previsão de acréscimo de mais três em breve. Os chocolates já estão em 34 pontos de venda em Manaus e São Paulo, capital. Cerca de cinco mil tabletes estão sendo produzidos mensalmente.
Porém, segundo Jorge Neves, uma das maiores projeções da empresa é alcançar cerca de 50% do faturamento com as exportações, ainda este ano, graças às diversas certificações conquistadas, dentre elas a Certificação orgânica para Brasil (Orgânicos do Brasil), Certificação orgânica para Estados Unidos (NOP USDA), Certificação orgânica para União Europeia (BIO) e a Certificação Vegana Internacional (Vegan).
Incubadora
A Warabu está localizada no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide), incubadora que tem a FIEAM como mantenedora. O objetivo é estimular a criação e o desenvolvimento de empresas inovadoras, de base tecnológica, com ênfase nos setores de biotecnologia, tecnologia da informação e eletrônica, mediante ações que contribuam para incentivar o empreendedor e o desenvolvimento socioeconômico do Estado.
A Warabu Chocolates conta com seis colaboradores e três estagiários dos cursos de farmácia e engenharia de alimentos, em um espaço de 150 m² e com previsão de saída do local em 2026.
Com informações e fotos da assessoria