21,novembro 2024

Estilista amazonense na São Paulo Fashion Week

Junto com a marca do estilista amazonense Maurício Duarte, os calçados da Linha Látex da Redley serão customizados com pinturas manuais tradicionais, que fazem parte da cultura e do repertório do designer

A marca de vestuário Redley irá promover uma celebração da Amazônia durante o desfile que será apresentado sábado (27) durante a São Paulo Fashion Week, com a coleção ‘Tramas’ – que recebe esse nome por abordar a construção das cestarias indígenas, que são um patrimônio cultural dos povos originários do Amazonas.

A boa nova é que o desfile contará com a parceria da grife do estilista amazonense Maurício Duarte, que irá participar com a customização de calçados da Linha Látex – que serão interpretados como telas em branco, sendo customizados com pinturas manuais tradicionais, que fazem parte da cultura e do repertório do designer.

Para o desfile e a customização, os modelos a serem usados são os tênis de cano alto em lona 100% algodão com banda na cor látex e que não contém nenhum material com origem animal.

Maurício Duarte será o primeiro designer e estilista do Amazonas a participar da SPFW, maior semana de moda da América Latina.

Sobre a coleção

A coleção chamada ‘Tramas’ recebe esse nome por abordar a construção das cestarias indígenas, que são um patrimônio cultural dos povos originários do Amazonas. Esses povos têm carregado consigo os conhecimentos e habilidades artesanais ao longo dos tempos. Para a produção dessa coleção, a grife contou com a participação de 16 comunidades indígenas distintas, que contribuíram na confecção dos artesanatos, compartilhando seus conhecimentos, habilidades artísticas e conexões ancestrais.

As formas geométricas presentes nos cestos e balaios são as principais inspirações para as peças da coleção, que apresentam formatos cilíndricos e circulares, originalmente encontrados em tipitis, luminárias e balaios. Essas formas remetem às memórias afetivas da infância do designer. As fibras de arumã e tucum, amplamente utilizadas nas comunidades tradicionais na construção de utensílios domésticos e decoração, são as principais matérias-primas para a confecção de acessórios e roupas. A intenção é evocar as fibras e os elementos do cotidiano ancestral, transmitindo a ideia de que o artesanato pode estar presente na moda da mesma forma que pode ser interpretado como decoração.

A coleção utiliza uma abordagem de alfaiataria moderna, com destaque para o tecido 100% algodão fornecido pela Vicunha Têxtil. Além disso, há a utilização de tecidos que mesclam algodão e juta cedidos pela Textilfio, proporcionando maior fluidez às peças de malharia. Durante o processo de construção artesanal, a fibra de arumã é utilizada para a confecção das peças mais estruturadas, como as faixas que acompanham as chemises, os acessórios de cabeça e a saia com corset, que é o destaque principal da apresentação. Já a fibra de tucum, que é mais maleável e semelhante a uma renda, é utilizada tanto de forma natural quanto na forma de fios encerados com breu branco.

Todo o processo de confecção é realizado manualmente, e o designer realizou duas viagens ao Amazonas para poder concretizá-lo. Durante essas viagens, ele visitou São Gabriel da Cachoeira (AM), município que abriga a maior quantidade de povos indígenas no Amazonas. São aproximadamente 23 povos indígenas, falantes de mais de 16 línguas, incluindo a língua geral, conhecida como nheengatu. A escolha de trabalhar em São Gabriel
da Cachoeira teve como objetivo conhecer a origem da matéria-prima e identificar qual povo desenvolveu o artesanato.

O trabalho foi realizado em estreita colaboração com os artesãos, refletindo a cultura e o fazer manual, e buscando trazer para as passarelas a visão de Maurício, que acompanhou de perto todos os processos, desde a colheita até a confecção.

Sobre Maurício Duarte

A marca Maurício Duarte carrega a força das raízes indígenas do seu idealizador. O propósito é transmitir através da moda a importância dos saberes ancestrais, demonstrando em cada uma de nossas peças a mesma força das pinturas corporais do nosso povo.

Construída e pautada por princípios de sustentabilidade e economia circular, focamos nos processos criativos de maneira artesanal e slow fashion. Segundo material de divulgação, “o estilista acredita em um novo mundo de possibilidades, parcerias e oportunidades agregando toda a riqueza cultural, ancestral e a biodiversidade existente na Amazônia”.

Com informações da assessoria

Rogerio Pina

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