A reabilitação do Centro histórico da capital amazonense esteve no foco das conversas e discursos durante a reinauguração da sede do Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -, no início da semana, na área portuária da capital amazonense.
A sede foi reinaugurada em um dos casarios do conjunto histórico da área portuária de Manaus – que inclui também o porto flutuante -, que é tombado pelo patrimônio histórico nacional.
A reinauguração contou com a posse da nova superintendente regional, a historiadora Beatriz Calheiro, e com a presença do presidente do Iphan, Leandro Grass, e diversas autoridades municipais, estaduais, federais e de entidades ligadas à cultura, ao patrimônio e à preservação.
Durante um discurso intenso e com foco na Amazônia e patrimônio, que tem como prioridade os povos indígenas e de matriz africana, o presidente do Iphan nacional, Leandro Grass, agradeceu a todos os servidores do órgão no Amazonas que ajudaram a evitar que o prédio fosse interditado definitivamente e que pudesse reabrir suas portas.
“Se existem políticas e ações do patrimônio cultural nesse momento, foi porque esses servidores conseguiram resistir, conseguiram sustentar minimamente aquilo que era possível. E quero agradecer a Beatriz, que não poderia ser outra melhor para estar aqui, escolhida, que tem formação, competência, representatividade. Alguém que é fundamental para este resgate das políticas públicas do Brasil”, afirmou Grass.
Grass adiantou que a região amazônica é prioridade no diálogo nacional para pactuar ações dos bens de toda a sociedade. “E não há política no patrimônio cultural sem a política colaborativa com a prefeitura, com o governo estadual e com o Iphan, além da sociedade. Quero parabenizar a Prefeitura de Manaus pelo programa ‘Nosso Centro’, estivemos em Brasília discutindo o plano urbano e tenho certeza de que vai ser bem-sucedido”, observou.
Centro preservado
A Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), é parte integrante das ações do Iphan-AM na reabilitação do centro histórico da capital, com trabalhos conjuntos de salvaguarda do patrimônio, desde projetos de revitalização até fiscalização, além de trabalho gerencial, interinstitucional e multidisciplinar, voltado para às comunidades e preservação dos monumentos tombados na capital do Estado.
“Esse lugar tem relação com a identidade amazônica, de valorização do patrimônio imaterial, do arqueológico, mas, acima de tudo, do nosso povo se ver, se ver na história, reconhecer aqui o nosso legado, tanto daqueles que trabalharam para desenvolver a nossa cultura quanto para garantir que futuras gerações possam valorizar a história do nosso Estado. O Iphan-AM tem o papel de ajudar nesse fomento, nessa valorização, e tem seus parceiros próximos, como o Implurb”, comentou Beatriz Calheiro.
O vice-presidente do Implurb, arquiteto e urbanista Claudemir Andrade, lembrou que a parceria não acontece se as instituições não estiverem devidamente alinhadas. “E temos a alegria da recuperação de uma unidade histórica, como é a sede do Iphan. Passou por uma reforma, momentos delicados em relação a recursos, mas finalmente temos seu retorno, deste prédio belíssimo que Manaus tem, e que passará a ser aberta e disponível para a população”, salientou.
Sede reaberta
A sede do Iphan-AM foi construída em 1870 e usada inicialmente como residência nos pavimentos superiores e oficina mecânica e fundição a vapor, no térreo. Ela tem características gerais da arquitetura eclética que marcou, de uma forma geral, a arquitetura brasileira e em especial, a manauara, entre as últimas décadas do século 19 e as primeiras do século 20. A edificação tem arquitetura influenciada pelo modelo de chalés, muito em voga no final do século 19.
Em 1987, o edifício passou a sediar o Iphan-AM. Mesmo não sendo tombado individualmente, o imóvel localiza-se em área tombada, definida pelo Iphan (notificação publicada no Diário Oficial da União nº 222, seção 3, de 22/11/2010).
Com informações da assessoria do Implurb e fotos de João Viana / Semcom