Longa-metragem brasileiro ‘A queda do céu’, inspirado no livro homônimo do xamã Davi Kopenawa e do antropólogo Bruce Albert, foi selecionado para exibição na Quinzena de Cineastas do Festival de Cannes
O prestigiado Festival de Cannes, considerado o mais importante evento do mercado cinematográfico da Europa, anunciou a seleção de mais um filme brasileiro para sua edição de 2024 – o longa-metragem “A Queda do Céu”, dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha. O documentário será exibido na Quinzena dos Cineastas, uma mostra paralela que visa promover a descoberta de novos talentos.
O filme, segundo o material de divulgação, apresenta a cosmologia do povo Yanomami, o mundo dos espíritos Xapiri, o trabalho dos xamãs para ‘segurar o céu‘ e curar o mundo das doenças produzidas pelos não-indígenas, o garimpo ilegal, o cerco promovido pelo povo da mercadoria e a vingança da Terra.
“‘A Queda do Céu’ é a expressão cinematográfica do arrebatamento que tivemos ao ler o livro. Mas principalmente da nossa relação e do que foi vivido em carne, osso e espírito ao longo dos últimos sete anos ao lado de Davi, Watorikɨ e os Yanomami. É um filme onde a câmera não olha só para os Yanomami, mas para nós não indígenas também. E isso sempre foi um fundamento do filme tanto para mim quanto para Eryk. Trabalhamos para fazer um filme que expressasse a materialidade onírica de uma relação”, explica a diretora Gabriela, que faz sua estreia na direção no cinema.
“Agora, com a ‘A Queda do Céu’ na Quinzena de Cineastas, será uma belíssima oportunidade e uma dupla celebração: de ver e ouvir explodir na tela o sonho e a luta do povo Yanomami e da força poética e geopolítica do xamã, filósofo e líder Davi Kopenawa. E, ainda, acompanhar a trajetória de um cinema que acreditamos e que está fora dos modismos e das convenções. De um cinema sem fórmulas, que navega no desconhecido, que transita entre a materialidade e o espírito e cuja linguagem surge da nossa relação com os Yanomamis e a comunidade de Watorikɨ, e que nasce, também, do nosso encontro com artistas Yanomamis que participaram criativamente da realização deste filme”, comenta o diretor Eryk Rocha.
Produção
O documentário, produzido pela Aruac Filmes, é uma coprodução Brasil-Itália-França, da Hutukara Associação Yanomami e Stemal Entertainment com RAI Cinema e produção associada de Les Films d’ici.
O filme é um diálogo com o livro homônimo de Davi Kopenawa, xamã Yanomami e um dos maiores líderes indígenas do mundo, e de Bruce Albert, antropólogo francês. A obra é considerada por muitos especialistas como um clássico contemporâneo.
Para pensar
“A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la. (…) Então morreremos, um atrás do outro, tanto os brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar.” (Davi Kopenawa)
“Estamos no começo do fim do modelo de predação generalizada dos povos e do planeta inventado pelo ‘povo da mercadoria’ há poucos séculos. A palavra do Davi não é, portanto, uma mera profecia exótica. É um diagnóstico e um aviso.” (Bruce Albert)
Com informações da assessoria