21,novembro 2024

Povos indígenas ganham homenagem com grafismo

A iniciativa parte do projeto ‘Aldeia Manaó’, que realiza oficinas, palestras e mesas de debate durante todo o mês de abril no CEMI Viviane Estrela Marques Rodella, situado na Zona Norte da capital amazonense

O Centro Integrado Municipal de Ensino – CIME Viviane Estrela, na Zona Norte de Manaus, realiza ao longo deste mês uma programação em alusão ao Dia dos Povos Indígenas por meio do projeto ‘Aldeia Manaó’ – que realiza oficinas, palestras e mesas de debate durante todo o mês de abril na referida escola.

A programação conta com oficina de grafismo corporal indígena, ministrada pela multiartista Mepaeruna Tikuna, e as aulas na língua Nheengatu, ministrada pela artesã Yaci Baré, além de atividades especiais em alusão ao Dia dos Povos Originários, como a exposição de artesanatos indígenas e ensinamentos sobre o ritual indígena Dabacuri.

Para Yaci, levar a língua indígena para as escolas públicas é uma questão de reconhecimento cultural. “Para não deixar acabar a cultura indígena, pras crianças que estão nessa nova fase, que é a nova geração, saberem que existem povos indígenas, que existem outras línguas além do português, que eles aprendem todos os dias. Então, ensinar a língua Nheengatu numa escola pública é também sobre o resgate da cultura indígena”, diz ela.

Grafismo Indígena

A artista Mepaeruna, do povo Tikuna, ensina sobre o grafismo corporal indígena aos alunos. Para isso, ela utiliza elementos naturais como o jenipapo e o carvão.

“A pintura de animais como o peixe e a jiboia é feita em crianças nas aldeias, por isso eu trouxe esses grafismos, para também serem pintados nos alunos em sala de aula. O grafismo da jiboia, por exemplo, representa a prosperidade. E para mim é muito importante enraizar esse conhecimento dentro das escolas, porque os grafismos originários têm que perseverar para a valorização da nossa cultura. Essa é a nossa identidade”, diz ela, que também utiliza o urucum em sua arte.

Programação

As demais atividades do projeto ‘Aldeia Manaó’ acontecem até o fim do mês. Nesta semana, os alunos e professores aprendem sobre moda indígena, com a oficineira Waikiru; e produção indígena, com Potira Baré.

Yaci Baré

No dia 29 de abril, pela manhã, a cacica Milena Kukama participa da palestra sobre a importância da oralidade para os povos indígenas. Já no período da tarde, Diakarapó Dessana é a convidada para falar sobre o tema ‘Conhecimento Ancestral’. No dia 30 de abril, as convidadas Kian Sateré, Lutana Kokama e Mel Mura debatem o tema ‘O protagonismo da mulher indígena” em roda de conversa.

Sobre o projeto

O projeto formativo ‘Aldeia Manaó’, idealizado pela multiartista e gestora cultural Francis Baiardi, tem como proposta fomentar a integração entre crianças e professores acerca dos saberes ancestrais, promovendo o processo de introdução da educação indígena na escola pública, junto com colaboradores, como pesquisadores, ativistas, artistas e historiadores que fazem parte dos povos Sateré-Mawé, Tukano, Tikuna, Matses, Baré, Mura, Dessana e Kokama.

Mepaeruna Tikuna

“Os próprios protagonistas da história deles estarem repassando esse conhecimento ancestral de uma língua materna, de uma dança Tukano, do grafismo – explicando o significado de cada pintura corporal indígena, protagonizando as mulheres dentro do projeto… Para mim é uma grandiosidade, uma potência. É emocionante sentir e ver as crianças aprendendo, perguntando, se interessando, bem como os professores e toda a comunidade”, celebra Francis.

Este projeto foi contemplado pelo Programa Funarte Retomada 2023 – Dança. Uma realização Baré Produção e Avá Produção, com apoio da Fundação Nacional de Artes – Funarte, Ministério da Cultura – MinC, Governo Federal e CIME Dra. Viviane Estrela.

Com informações e fotos da assessoria

Rogerio Pina

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