Documentário centrado em ritual dos Yanomami, inspirado no livro de mesmo nome escrito pelo xamã Yanomami Davi Kopenawa e pelo antropólogo francês Bruce Albert, tem exibição no festival de cinema na França
“A Queda do Céu”, filme que leva o mesmo nome do livro escrito pelo xamã Yanomami Davi Kopenawa e o antropólogo francês Bruce Albert, teve sua estreia mundial na na mostra Quinzaine des Cineàstes – paralela ao Festival de Cannes, na França – voltada para novos diretores independentes e contemporâneos. A produção está na disputa pelo Olho de Ouro (Oeil d’Or), o Prêmio do Público (People’s Choice Award) e o Prêmio SACD (Sociedade de Autores e Compositores Dramático).
“A Queda do Céu” é centrado na festa Reahu, ritual funerário e amais importante cerimônia dos Yanomami, que reúne centenas de parentes dos falecidos com a finalidade de apagar todos os rastros daquele que se foi e assim colocá-lo em esquecimento. A partir de três eixos fundamentais do livro (Convite, Diagnóstico e Alerta), o filme apresenta a cosmologia do povo Yanomami, o mundo dos espíritos xapiri, o trabalho dos xamãs para segurar o céu e curar o mundo das doenças produzidas pelos não-indígenas, o garimpo ilegal, o cerco promovido pelo povo da mercadoria e a vingança da Terra.
O diretor Eryk Rocha entende a função do filme em mostrar a relação entre os povos Yanomami e os napë (os não-indígenas). “O nosso desejo no filme é de que a cultura yanomami seja vista como uma cultura viva, contemporânea e florescente, mas também que a cultura napë veja a si mesma a partir de uma perspectiva xamânica e de uma geopolítica contracolonial”, explica o cineasta.
A diretora Gabriela Carneiro da Cunha complementa: “O longa é a expressão cinematográfica do arrebatamento que tivemos ao ler o livro. Mas principalmente da nossa relação e do que foi vivido em carne, osso e espírito ao longo dos últimos sete anos ao lado de Davi, da comunidade Watorikɨ e dos Yanomami. É um filme onde a câmera não olha só para os Yanomami, mas para nós não-indígenas também. E isso sempre foi um fundamento do filme tanto para mim quanto para Eryk. Trabalhamos para fazer um filme que expressasse a materialidade onírica de uma relação”, explica.
Enredo
Em colaboração com o povo indígena Yanomami do Brasil, ‘A Queda do Céu’ segue o líder e xamã Yanomami Davi Kopenawa enquanto ele luta para devolver o equilíbrio ao mundo em rituais observados de perto e comentários incisivos sobre a lógica implacável de uma cultura externa materialista.
A exploração madeireira ilegal, a mineração de ouro e a mistura mortal de epidemias que essas intrusões espalham ameaçam a existência dos Yanomami. Com base numa compreensão aguçada das forças geopolíticas, Davi Kopenawa ergue um espelho para as sociedades capitalistas do “povo da mercadoria” e do estilo de vida insustentável dos chamados “países desenvolvidos” que ameaça a sobrevivência da humanidade como um todo.
Com informações e fotos da assessoria