26,novembro 2025

Bibliotecas comunitárias chegam ao interior da Amazônia 

Iniciativa da ONG Vaga Lume leva mais cinco bibliotecas a comunidades ribeirinhas e assentamentos com baixos indicadores sociais no Amazonas e Maranhão

Entre julho e agosto, três comunidades ribeirinhas no Amazonas e dois assentamentos rurais no Maranhão vêm recebendo novas bibliotecas comunitárias criadas pela ONG Vaga Lume, que atua há mais de duas décadas promovendo o acesso à leitura em áreas remotas da Amazônia Legal. Os espaços vêm sendo implantados em territórios com alta vulnerabilidade social, baixos índices educacionais e infraestrutura precária, mas marcados pelo protagonismo das próprias comunidades, que estarão à frente da gestão das bibliotecas.

O primeiro ciclo de implantação ocorreu entre os dias 28 de julho e 3 de agosto, no município de Uarini (AM), cidade de cerca de 14 mil habitantes localizada na região do Médio Solimões. No que se refere à escolarização de 6 a 14 anos, a cidade fica em 5.446 lugar de 5.570 dentre as demais brasileiras. Em 2023, o IDEB da rede pública do município foi de 3,8 nos anos iniciais e 3,0 nos anos finais do ensino fundamental – bem abaixo das médias nacionais, que foram de 6,0 e 5,0. No ranking entre todos os 5.570 municípios do Brasil, isso significou ocupar a 5.370ª posição nos anos iniciais e a 5.338ª nos anos finais, ficando entre os 4% piores do país.

“Partindo dos indicadores sociais, o cenário é desafiador: se por um lado temos vulnerabilidade no acesso ao saneamento, à educação e à proteção, por outro lado, temos engajamento genuíno e um claro desejo de transformação social do território. As bibliotecas serão parte dessa transformação e serão geridas pelas comunidades”, afirma Nathalia Flores, gerente de Educação da Vaga Lume.

Contação de estórias na Comunidade Menino Deus em Portel (PA) / Foto: Kleber Jr. – Vaga Lume (Divulgação)

A ONG constituí bibliotecas comunitárias, entregando acervo e estrutura necessários para a operação, forma os voluntários na metodologia de mediação de leitura, e faz o acompanhamento contínuo apoiando os comunitários na gestão e desenvolvimento do espaço. Todas as bibliotecas Vaga Lume nascem do desejo das comunidades em receberem o espaço de leitura, e nesse processo de implantação é feito por um caminho de escuta e acolhimento, para que, uma vez constituída, a biblioteca seja um espaço de pertencimento para toda a comunidade.

Desde 2002, a Vaga Lume atua no município de Uarini, no Amazonas, e atualmente mantém três bibliotecas comunitárias em funcionamento. Com a implantação de novas unidades nas comunidades ribeirinhas de Coadi, Vila Soares e Porto Braga — todas de difícil acesso fluvial e com economias baseadas no extrativismo, como pesca e agricultura familiar —, o número de bibliotecas na região chegará a seis. Serão alcançadas mais de 120 famílias nas três comunidades, além de 369 agentes comunitários e 157 alunos das escolas municipais.

A ação no Amazonas conta com apoio logístico da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que oferece hospedagem e base de operação para a equipe da Vaga Lume, e com a parceria da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), que participa da formação de educadores e do fortalecimento pedagógico das escolas locais.

Segunda fase

A segunda etapa da expansão 2025 será realizada entre os dias 26 de agosto e 1º de setembro, em Barreirinhas (MA), município de 65 mil habitantes que, apesar de ser um dos principais polos turísticos do Estado, enfrenta desafios semelhantes.

Apesar de apresentar um PIB per capita de R$ 9.951,26 em 2021 — o que coloca o município na 86ª posição entre os 217 do Maranhão, segundo o IBGE —, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é de apenas 0,570, indicando que o nível de renda não se traduz diretamente em qualidade de vida para a população.

Na cidade, a Vaga Lume selecionou duas comunidades para receber as bibliotecas: Olhos d’Água dos Cabral e Massangano 1º, ambas caracterizadas como assentamentos com forte presença da agricultura familiar. As duas localidades possuem acesso regular a energia, água e internet, além de escolas com corpo docente estável, que atendem desde a educação infantil até o ensino fundamental completo e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Formação de Mediadores de Leitura na Comunidade Axipicá, em Oriximiná (PA) / Foto: Vaga Lume (Divulgação)

A metodologia da Vaga Lume envolve formação de mediadores locais, rodas de leitura e encontros com a comunidade para estimular o uso do acervo e o protagonismo das lideranças locais — professores, agentes de saúde, representantes comunitários e até jovens leitores. “Essa é a nossa parcela de contribuição na garantia de direitos, no acesso à literatura e no fortalecimento comunitário na Amazônia está sendo dada”, reforça Nathalia.

Com informações e fotos da assessoria

Rogerio Pina

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