Meteorologista brasileiro reconhecido no exterior, Carlos Nobre anunciou a ideia de criação do Instituto de Tecnologia da Amazônia nos moldes do Instituto de Tecnologia de Massachusetts – o MIT
O pesquisador Carlos Nobre anunciou que trabalha atualmente para criar um centro de pesquisa semelhante ao MIT no coração da Amazônia.
Ele é um dos cientistas mais influentes de sua geração, meteorologista formado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), e com doutorado justamente no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. Agora, o brasileiro Carlos Nobre se espelha na própria história pessoal para fazer um sonho virar realidade, segundo entrevista concedida à BBC Brasil durante a COP27 (Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas), em Sharm El-Sheik (Egito).
O projeto, que poderá ser conhecido como Instituto de Tecnologia da Amazônia (ou AmIT, na sigla em inglês), tem a pretensão de envolver não apenas o Brasil, mas todos os nove países que possuem porções da floresta na região – como Peru, Colômbia e Bolívia.
“Será uma instituição pan-amazônica, capaz de produzir ciência de ponta no padrão dos melhores centros do mundo”, anunciou na entrevista.
A ideia é anunciada em um momento favorável: a eleição de um novo governo federal alinhado com ações pelo meio ambiente, a reativação do Pacto Amazônico e eleição de um brasileiro para a direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento – que poderá facilitar o apoio a projetos na região pan-amazônica.
O cientista projeta que o instituto terá recursos públicos e privados e pode virar realidade nos próximos dois ou três anos, ainda segundo a entrevista.
Carlos Nobre afirma que “não há nenhum país tropical que desenvolveu a bioeconomia baseada em recursos naturais, biodiversidade e florestas” e que essa pode ser uma grande oportunidade para o Brasil.
A premissa principal do instituto é a de que “o conhecimento da Amazônia deve ser fundamentado na ciência e na tecnologia direcionadas à inovação para garantir a inclusão socioeconômica no desenvolvimento da própria região”.
O objetivo é promover pesquisas científicas para desenvolver tecnologias, descobrir potenciais usos dos recursos naturais da floresta de modo sustentável e gerar riquezas para as próprias pessoas que vivem na região.
O meteorologista destaca que o AmIT terá cinco eixos principais: florestas, paisagens alteradas ou degradadas e como restaurá-las, infraestrutura sustentável de transporte e energia, biodiversidade e manejo da água.
Além de Nobre, fazem parte do projeto do AmIT os cientistas Maritta Koch-Weser, presidente da ONG Earth3000, e Adalberto Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O site oficial da iniciativa traz mais detalhes sobre como o AmIT foi estruturado no endereço https://amit.institute.