O artista plástico Raí Campos, representante da Região Norte, aplica seu traço regional em peças gráficas da premiação da Câmara Brasileira do Livro
Ao celebrar o centenário da Semana da Arte Moderna de 1922, a Câmara Brasileira do Livro e a organização do Prêmio Jabuti relembram os vínculos da premiação com o modernismo e o nacionalismo, valorizando a cultura popular brasileira e o reconhecimento de todas as raízes – com destaque para as heranças indígenas e africanas.
O conceito da 64ª edição, produzido pela agência Via Impressa, reconhece o lugar da arte do grafite como uma ‘atitude antropofágica’ capaz de mover o pensamento e as artes. E neste ano, de forma inédita, adotou o grafite nas peças gráficas, com o artista nortista Raiz incluído no seleto time dos grafiteiros escolhidos.
O artista conta que escolheu para o Prêmio Jabuti uma pintura exposta no começo deste ano na mostra coletiva Cheia das Artes, realizada em Manaus. “Eu quis homenagear e valorizar as mães indígenas na obra, num estilo que batizei de psicoamazônico, que reúne as duas coisas que mais amo — o grafite e a cultura amazônica”, explica.
O convite para participar do conceito visual surpreendeu o grafiteiro, que ficou muito feliz com a novidade. “Conheço o Prêmio Jabuti e reconheço a importância da premiação. O convite para participar e representar o Norte do país me deixou sensibilizado, porque lança um olhar para a região, uma visibilidade maior. E eu luto por esta visibilidade, mostrando que estou no caminho certo”, revela.
A principal inspiração do grafiteiro Raiz pode ser atribuída à Vila do Pitinga, no interior do Amazonas – onde cresceu – e à Reserva Indígena Waimirim Atroari, na Floresta Amazônica. Nascido na Bahia, com nome de batismo Raí Campos, ele se mudou para o Amazonas com os pais com apenas três meses.
O traço tão específico do artista faz parte do conceito visual da 64ª edição do Prêmio Jabuti. Além de Raiz, representante do Norte do País, cinco outros artistas foram convidados para imprimir suas marcas na identidade visual da premiação, de maneira a representar todas as regiões geográficas do Brasil: Ciro Schu, de São Paulo (Sudeste); Marcelo Pax, do Rio Grande do Sul (Sul), Rafael Jonnier, de Cuiabá (Centro-Oeste) e Tereza de Quinta e Robézio, do Acidum Project, do Ceará (Nordeste).
É o estabelecimento do grafite como expressão cultural e artística de valor transformador da contemporaneidade, capaz de evocar, mirando o futuro, a inclusão e a interação como parte de seu posicionamento de “prêmio de todas e todos para todos e todas”.
Abaixo, alguns trabalhos em grafite assinados por Raiz:
Com informações da assessoria