16,setembro 2025

Livro juvenil resgata mito indígena da Amazônia

Reconto de narrativa dos Uanana, do Amazonas, “Moça-retrato-da-lua” oferece uma visão metafórica de encontros e desencontros possíveis no mundo dos afetos

Moça-retrato-da-lua, de Maria Inez do Espírito Santo, com aquarelas de André Côrtes, é o reconto de um mito recolhido entre os Uanana, um grupo indígena que habita o noroeste do Amazonas, mais precisamente as áreas indígenas Alto Rio Negro, Médio Rio Negro I e Yauareté I, onde hoje se situa o município de São Gabriel da Cachoeira, cidade mais indígena do Brasil, com 23 etnias diferentes, na tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. 

Sendo um mito — e, com isso, escapando à linearidade e à busca por sentido de narrativas oficiais — a história da jovem uanana é um convite para que jovens leitores penetrem nas zonas inexplicáveis que são nossas experiências coletivas, forjadas por encontros e desencontros, por mistérios e ambiguidades, por atrações e idealizações. Um território onde a noção dualista de gênero não se aplica, como ocorre — ou fingimos que ocorre — na superfície cotidiana.

O referido mito indígena narra que, em uma aldeia, havia uma moça tão linda, tão linda que era comparada ao esplendor da lua cheia. Além da beleza, tinha outros atributos encantadores. Era alegre, divertida, amável. Os rapazes da aldeia, arrebatados, ansiavam pelo momento em que ela escolheria seu parceiro. Mas essa moça era diferente das outras. Não falava de namoro ou de casamento. E, apesar de muito expansiva, mantinha em si certa aura de enigma. Que tipos de mistério ela esconde? Ainda hoje, muito tempo depois de começar a circular, atravessando gerações, a história da menina que é um retrato da lua perturba e encanta exatamente pelo que tem de enigmática e onírica, arisca e contraditória. No bojo de todos esses mistérios, uma questão universal e pulsante, que ainda gera inquietação e emoções nem sempre claras: a pluralidade de expressões de gênero.  

Voltado para jovens a partir de 13 anos, o livro apresenta ainda um glossário e uma série de perguntas que podem ser usadas como forma de desdobrar a leitura em conversas, curiosidades e outras histórias.

Maria Inez do Espírito Santo

Com a delicadeza singular da escrita de Maria Inez do Espírito Santo, Moça-retrato-da-lua é uma narrativa grávida de sentidos e possibilidades, que intriga e convida não à reflexão, mas justamente à potência do encontro que ocorre nas brechas da compreensão e da lógica. Uma história que passeia pelos interstícios dos sentimentos mais ocultos, pelas facetas inapreensíveis e improváveis que são, também, base fundamental de nossa existência humana. As aquarelas de André Côrtes enfatizam ainda mais a intensidade desse universo que flerta com o inconsciente e com o mistério, com o campo da magia e do sonho — mas também da sensualidade, que é, afinal, força-motriz de nossa vida em comum.

Como apregoa Daniel Mundurku, na quarta capa do livro, “Moça-retrato-da-lua nos revela como a Tradição é também uma Contradição, assim como a vida, assim como a morte”.

OS AUTORES

Maria Inez do Espírito Santo é educadora, terapeuta cultural e escritora. Foi fundadora e diretora da Escola Viva (Petrópolis-RJ, 1974-1989), instituição de ensino que ia da creche à formação de professores, pioneira no trabalho que se conhece, atualmente, como de inclusão. Criou posteriormente o Centro Cultural Viva, que funcionou em Petrópolis-RJ, com sede atualmente em Nova Friburgo-RJ. Como contadora de histórias, tem levado as histórias dos antigos – acervo oral dos povos originários – a todas as regiões brasileiras, além de a Portugal, à Inglaterra e à Espanha. É autora de inúmeros livros infantojuvenis. E, também, do livro, para adultos, Vasos sagrados – mitos indígenas brasileiros e o encontro com o feminino, sucesso de publicação da Editora Rocco.

Ilustrador André Côrtes

André Côrtes é artista plástico, ilustrador e professor. Encontra na aquarela fonte fecunda de inspiração e aprofundamento. Seus trabalhos têm como principal inspiração a vida na natureza, suas encantarias e seus mistérios. André mergulha nesses temas em busca de pontes que possam tornar mais próximos consciente e inconsciente.

Com informações e imagens da assessoria

Rogerio Pina

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